O Unha-de-fome

História de Monteiro Lobato

Depois de uma vida de misérias e privações, Unha-de-Fome conseguiu juntar um tesouro que enterrou longe de casa, colocando uma grande pedra em cima.

Mas tal era o seu amor pelo dinheiro, que volta e meia rondava a pedra. Isso atraiu a atenção de um vizinho que o espionou e, por fim lhe roubou o tesouro.

Quando Unha-de-Fome deu pelo saque, rolou por terra desesperado, arrepelando os cabelos.

— Meu tesouro! Minha alma! Roubaram minha alma!

Um viajante que passava foi atraído pelos berros.

— Que é isso, homem? O que houve?

— Meu tesouro! Roubaram o meu tesouro!

— Mas, então, morando lá longe você o guardava aqui? Que tolice! Se o conservasse em casa não seria mais cômodo para gastar dele quando fosse preciso?

— Gastar do meu tesouro?! Então você supõe que eu teria a coragem de gastar uma moedinha só, das menores que fosse?

— Pois se era assim, o tesouro não tinha a menor utilidade para você, e tanto faz que esteja com quem o roubou como enterrado aqui. Vamos! Ponha no buraco vazio uma pedra que dá no mesmo. Que utilidade tem o dinheiro para quem só o guarda sem a intenção de usufruir do bem-estar que ele proporciona?

Conselho de vó: O dinheiro, por si só, não vale nada, o seu valor vem do que podemos trocar por ele, pelo benefício que traz para nossa vida.

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1 comentário em “O Unha-de-fome”

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