História de Figueiredo Pimentel
Miramil III era um poderoso Rei conhecido por ser bom para o seu povo, fazia questão de ouvi-los e queria sempre fazer o melhor para o bem da nação.
Porém, o Rei tinha três ministros muito arrogantes que se gabavam de saber tudo e de serem melhores que as outras pessoas do reino, quando na verdade, não passavam de homens ordinários.
O Rei então decidiu dar uma lição nesses homens e mostrar que eles não eram capazes nem de entender o próprio povo.
Miramil III os convidou para dar um passeio pelas redondezas do castelo em uma carruagem. No caminho encontraram um velho que estava a arar a terra. O homem, respeitosamente, tirou o chapéu para cumprimentá-los.
– Quanta neve vai pela serra! – disse o rei.
– Já é tempo dela, real senhor – respondeu o velho roceiro.
– Quantas vezes já queimaste a casa?
– Duas, real senhor.
– Quantas vezes tens de queimá-la?
– Três, real senhor.
– Se eu te mandar três patos, serás capaz de depenar?
– Quantos mandardes, real senhor.
Saindo dali o soberano ordenou que os três ministros respondessem o que ele havia conversado com o velho, sob pena de serem enforcados.
Os sabichões, que não tinham entendido nada, pediram uma semana para responder. Leram quantos livros encontraram, mas não puderam decifrar a conversa.
Resolveram, então, ir consultar o velho às escondidas.
O velho comprometeu-se a responder com a condição de lhe darem a roupa que estavam vestindo.
Os ministros aceitaram e despiram-se.
– Quanta neve vai pela serra, quer dizer que já tenho a cabeça muito branca, e por isso respondi que já era tempo dela, pois já sou bem velho. Queimar a casa, é casar uma filha, porque quem casa uma filha, gasta tanto, como se tivesse tido um incêndio. E os três patos para depenar, são os senhores.
Quando o ancião acabou de falar, apareceu o rei, que se achava escondido.
Os três ministros ficaram com medo do castigo do Rei, mas o que ele fez foi explicar que a função deles era de trabalhar para o povo e não para se gabar o tempo todo de serem melhores que o povo. Para isso eles deveriam, em primeiro lugar, entender o povo e o que falam.
Não os mandou matar, mas os castigou, condenando-os a darem bons dotes às três filhas do velho que ainda estavam por casar.
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