A Floresta de Dooros – parte 1

História de Edmund Leamy

Certa vez, os seres mágicos foram aos lagos para disputar uma partida de Hurling, um tipo de jogo de arremesso, com as fadas. Eles ganharam a partida e voltavam para a Floresta Mágica muito felizes com a vitória. No caminho resolveram parar para descansar na Floresta de Dooros, pois ainda tinham um caminho muito longo pela frente.

Na Floresta de Dooros, fizeram uma grande festa no acampamento, comendo, bebendo e dançando em volta da fogueira.

Os seres mágicos se banqueteavam com frutinhas vermelhas mágicas, que eram muito parecidas com as frutinhas vermelhas de outros lugares, mas estas tinham poderes extraordinários. Caso um idoso comesse uma delas, se tornaria jovem e forte novamente. Se uma idosa enrugada comesse uma frutinha se tornaria uma jovem, bela como uma flor que acabou de desabrochar. Caso uma pessoa muito feia comesse essa frutinha, imediatamente se tornaria a mais bela de todas as pessoas.

Por essa razão, os seres mágicos guardavam as frutinhas com muito cuidado, como se fosse ouro, somente eles poderiam desfrutar de seus poderes.

Sempre que saiam da Floresta Mágica tinham que prometer ao rei e à rainha que não dariam a fruta para qualquer ser mortal e nem permitiriam que nenhuma delas caísse por terra, pelo perigo de que uma árvore da fruta nascesse fora da Floresta Mágica.

Porém, nessa noite de festa e muita bebedeira, Pinkeen, um excelente músico, que sabia tocar qualquer instrumento e era muito querido por todos, deixou cair uma das frutinhas na floresta sem perceber.

No dia seguinte os seres mágicos voltaram para casa e, somente quando chegou, Pinkeen percebeu o terrível erro que havia cometido. Ele ficou com muito medo das consequências de seu ato e resolveu ficar quietinho sobre o assunto.

Mas como nada pode ficar escondido para sempre, um dia, a rainha mandou alguns dos seres mágicos para a Floresta de Dooros para caçar borboletas, lá eram encontradas as mais belas do mundo. Ela queria muitas borboletas para enfeitar o salão de festas de um casamento que aconteceria em breve.

Quando os seres mágicos estavam cumprindo as ordens da rainha, encontraram uma arvorezinha onde centenas de borboletas estavam pousadas. Para a grande surpresa deles, era um pé das frutinhas vermelhas mágicas.

Os seres mágicos voltaram para o castelo com as borboletas e rapidamente foram contar ao rei e à rainha o que haviam descoberto.

O rei ficou muito bravo e mandou seus escudeiros aos quatro cantos da terra mágica para reunir todos os súditos à sua frente, ele queria descobrir quem era o culpado.

Todos eles compareceram, exceto Pinkeen, ele ficou apavorado e com medo de ser descoberto pelo seu erro. Mas, como ele foi o único que não compareceu, entenderam que era por ser ele o responsável pelo problema. Então o rei mandou seus mensageiros à sua procura.

Eles procuraram e, depois de um tempo, o encontraram escondido em uma samambaia. Então o levaram ao rei.

O pobre rapaz estava tão assustado que a princípio, mal conseguia falar, mas, depois de um tempo, admitiu sua culpa.

O rei, que não queria saber de desculpas, a arvorezinha não poderia ser cortada, então sentenciou que o culpado deveria ser levado para a terra dos gigantes, que ficava além das montanhas, e ali viver para sempre, a menos que conseguisse encontrar um gigante disposto a ir para a Floresta de Dooros para guardar a árvore mágica.

Quando o rei determinou a sentença, todo mundo ficou triste porque o réu era muito querido por eles.

A rainha mandou seu principal mensageiro entregar-lhe um punhado de frutinhas. Ela disse que ele deveria oferecê-las ao gigante, e prometer que, se ele estivesse disposto a proteger a árvore, poderia se esbaldar com as frutinhas.

Pinkeen seguiu caminhando dia e noite e, quando o sol nasceu, chegou ao topo da montanha e pode ver a terra dos gigantes no vale que se estendia bem à sua frente.

Antes de começar a descer, ele se virou para olhar para a terra mágica uma última vez. Ele estava muito triste e cansado, então resolveu descansar um pouco antes de prosseguir a viagem.

Quando acordou, o chão estava tremendo e ele ouviu um barulho que parecia um trovão. Ao olhar para cima, viu um gigante assustador já sobre ele. Esse gigante era o mais mal-humorado de toda a terra dos gigantes, todos o chamavam de Sharvan, o Ranzinza.

Quando o homenzarrão viu a capa vermelha do ser mágico, deu um grito. O pobre rapazinho tremeu da cabeça aos pés.

– O que o faz aqui? — perguntou o gigante.

– Por favor, Sr. Gigante, o rei dos seres mágicos me baniu para cá, e aqui devo ficar para sempre, a menos que o senhor vá guardar a árvore dos seres mágicos na Floresta de Dooros.

– A menos que o quê? — bufou o gigante

Então ele derrubou Pinkeen no chão e ia chutá-lo quando o pequeno falou.

– Você poderá comer todas as frutinhas mágicas que quiser!

– Como? – perguntou o gigante.

– Sim, se aceitar ir até à Floresta de Dooros e lá ficar guardando a arvorezinha poderá comer todas as frutinhas mágicas que quiser.

Então Pinkeen deu a Sharvan um punhado das frutinhas para que ele as comesse. O gigante, imediatamente, se sentiu tão feliz que começou a gritar e dançar de alegria.

Os seus gritos chamaram a atenção dos outros gigantes que correram para ver o que estava acontecendo.

Quando Sharvan os viu chegar, pegou Pinkeen e o colocou dentro do bolso, para que não o vissem.

– Por que você está gritando? — perguntaram seus companheiros.

– Porque aquela pedra ali caiu no meu dedão.

– Seu grito não parecia o grito de um homem ferido — disseram eles.

– Como você pode saber o jeito com que gritei? — perguntou ele.

– Não sei, vamos embora!!!

Assim que os gigantes se foram, Sharvan falou:

– Muito bem, vamos.

Em pouco tempo eles chegaram ao topo da montanha e de longe viram a terra mágica. Quando chegaram na fronteira, os pés do gigante se prenderam ao chão e ele não pode dar nem mais um passo adiante. O gigante começou a gritar desesperado e seus gritos foram ouvidos por toda a Floresta Mágica.

– Ah, por favor, Sr. Gigante, deixe-me sair do seu bolso – disse Pinkeen.

Sharvan o pegou e colocou no chão. Pinkeen correu com todas as suas forças para chegar ao castelo.

Os seres mágicos estavam tão felizes por terem Pinkeen de volta, que o carregaram em seus ombros e o levaram ao palácio do rei.

Então Pinkeen disse às majestades que trouxera consigo um gigante disposto a guardar a árvore mágica.

– E quem ele é, onde está? — perguntou o rei.

– Os outros gigantes o chamavam de Sharvan, o Rabugento, ele está preso na fronteira da terra mágica.

Em seguida, o rei ordenou que um de seus servos fosse até onde estava o gigante para libertá-lo e depois o acompanhasse até à arvorezinha na Floresta de Dooros. Os gigantes não podiam entrar na Floresta Mágica.

Quando chegaram à árvore, o gigante encheu as mãos de frutinhas vermelhas, as comeu e ficou de bom humor novamente.

A segunda parte da história será publicada amanhã.

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1 comentário em “A Floresta de Dooros – parte 1”

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